Que aprendizados trazem as experiências das organizações da sociedade civil para o enfrentamento das crises humanitárias e para a sinalização de caminhos e políticas possíveis de combate à fome, de abastecimento alimentar na luta pela Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, e do Direito Humano à Alimentação Adequada?
Essa foi a pergunta endereçada ao coletivo de jovens negrxs, da Bahia, durante a oficina virtual “Enfrentar a fome com a força de nossas lutas: solidariedade e resistência”, realizada no dia 12 de agosto pela Comissão Organizadora da Conferência
Popular, Democrática e Autônoma de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.
O coletivo está organizado como uma incubadora tecnológica e social chamada Azeviche, desde fevereiro de 2020. O nome faz referência a um mineral de cor negra, conhecido como âmbar negro, usado como amuleto de proteção. É formada por ex-alunos do curso Conexão Diversidade Racial, realizado pela Faculdade Zumbi dos Palmares e pelo Instituto de Educação da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN). O intuito do curso é levar maior diversidade racial, de gênero e orientação sexual ao setor bancário.
Entre os questionamentos que instigam esses jovens estão a compreensão da mudança de comportamento devido à experiência pandêmica e quais os setores terão que se reformular ou até reduzir sua base de produção. O coletivo cria espaço para buscar soluções que movimente a economia local, promovendo o desenvolvimento de novos negócios para o mundo pós pandemia.
No mês de julho, a incubadora distribuiu 3,5 toneladas de alimentos e itens de limpeza. Edgar Moura, membro da comissão organizadora da Conferência, é um dos conselheiros da Azeviche e um dos coordenadores dessa ação. Os alimentos são distribuídos para pessoas de territórios de terreiros, coletivos de cultura de rua, algumas comunidades quilombolas, alguns bairros de Salvador e cidades vizinhas como Camaçari e Dias D’Ávila. A estratégia de distribuição de alimentos passa pela construção de conexão com lideranças locais.
Dentre as parcerias estabelecidas neste período, a Azeviche conta com o Instituto Ser+, o Fundo Baobá para equidade Racial , o Fundo Brasil, o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), os Agentes de pastoral Negros do Brasil (os APNS do Brasil), a Ação da Cidadania e o Coletivo de Mulheres Negras Abayomi também.
Romário Roma
Com informações de Juliana Dias, Conferencia SSAN.
Comments